Entrou no
escritório e respirou fundo. Observou, pelo vidro, o corre-corre do banco em
hora de ponta. A reunião tinha corrido bem, como sempre. Carolina, sempre fez o
seu trabalho com excelência. 17 anos. Passaram-se 17 anos e podia dizer que
construiu uma carreira exemplar. Aprendeu muito. Era extremamente organizada e
uma profissional de excelência. Trabalhou com pessoas incríveis, fez amigos
para a vida, mas…
O “mas” fazia-lhe
confusão. Faltava qualquer coisa. Faltava… Não sabia bem, mas sabia estava na
altura de ter aquela conversa que havia adiado por muito tempo! Estava na hora
de ficar em frente ao espelho e conversar com a verdadeira Carolina Monteverde.
Conversar com aquela Carolina que foi permitindo o tempo passar, com a Carolina
que permitiu que os seus desejos se enterrassem no meio dos desejos de tantos
outros.
A conversa foi,
como havia esperado, árdua. Foi dolorosa a viagem e…E, ao mesmo tempo libertadora.
Aos poucos foi relembrando coisas que a Carolina gostava de fazer e foi
descobrindo outras coisas que também sentia prazer ao fazer. Inicialmente, gerou-se
a confusão. Tanta coisa boa… Tanta coisa que a Carolina gostava, e ela bem
sabia que fosse o que for que escolhesse a Carolina teria a capacidade de o fazer
com excelência. Sempre foi assim e isso não iria mudar. Questionou-se…
Questionou-se sobre o que gostaria de fazer mais do que qualquer outra coisa.
Qual a sua verdadeira paixão? A resposta foi evidente…
Queria perpetuar sorrisos.
Queria contar histórias de vida. Queria imortalizar essências. Queria descobrir
o lado de luz de todas as histórias que lhe tocassem o coração. Até porque Carolina
sempre soube que em tudo existe um lado de luz e um lado escuro. Ela sempre
fora apaixonada pela luz. O brilho, a sua intensidade, a sua pureza… Era isso
que iria retratar em cada história que contasse.
Decidiu e nunca
mais olhou para trás. Lutou as batalhas que teve de lutar. A sua maior batalha foi
com o Medo. Engalfinharam-se um no outro e lutaram até à exaustão. Tentou
conhecer o inimigo para adivinhar-lhe os passos… Aceitou a sua supremacia e que
em certos momentos o melhor seria juntar-se a ele. Porém, naquele momento
Carolina sabia que ele não tinha como ganhar. Não poderia ganhar porque não
pertencia ali… Há poucos leões na cidade, disse triunfante, e eu não preciso de
ti aqui. Assim, de forma humilde, convidou o medo a sair e ganhou a batalha mais
feroz de toda a sua vida.
Carolina, guardou a câmara de gravar. Sorriu para a audiência
e preparou-se para dar autógrafos. Sorriu, como sempre o fez, de orelha a
orelha e aproveitou a força do momento. Deixou-se banhar pela luz que irradiava
na sala de apresentações. Lembrou-se de como havia ali chegado: ousou sonhar a
sua história e acabou por viver esse sonho e muitos mais que nunca havia sonhado.Texto: Adelaide Miranda, Abril 2020
A videógrafa Carolina Monteverde, está disponível para contacto:
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