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terça-feira, 28 de abril de 2020

A Alma Por Trás De... Carolina Monteverde

A Alma Por Trás de...



Entrou no escritório e respirou fundo. Observou, pelo vidro, o corre-corre do banco em hora de ponta. A reunião tinha corrido bem, como sempre. Carolina, sempre fez o seu trabalho com excelência. 17 anos. Passaram-se 17 anos e podia dizer que construiu uma carreira exemplar. Aprendeu muito. Era extremamente organizada e uma profissional de excelência. Trabalhou com pessoas incríveis, fez amigos para a vida, mas…
O “mas” fazia-lhe confusão. Faltava qualquer coisa. Faltava… Não sabia bem, mas sabia estava na altura de ter aquela conversa que havia adiado por muito tempo! Estava na hora de ficar em frente ao espelho e conversar com a verdadeira Carolina Monteverde. Conversar com aquela Carolina que foi permitindo o tempo passar, com a Carolina que permitiu que os seus desejos se enterrassem no meio dos desejos de tantos outros.
A conversa foi, como havia esperado, árdua. Foi dolorosa a viagem e…E, ao mesmo tempo libertadora. Aos poucos foi relembrando coisas que a Carolina gostava de fazer e foi descobrindo outras coisas que também sentia prazer ao fazer. Inicialmente, gerou-se a confusão. Tanta coisa boa… Tanta coisa que a Carolina gostava, e ela bem sabia que fosse o que for que escolhesse a Carolina teria a capacidade de o fazer com excelência. Sempre foi assim e isso não iria mudar. Questionou-se… Questionou-se sobre o que gostaria de fazer mais do que qualquer outra coisa. Qual a sua verdadeira paixão? A resposta foi evidente…
Queria perpetuar sorrisos. Queria contar histórias de vida. Queria imortalizar essências. Queria descobrir o lado de luz de todas as histórias que lhe tocassem o coração. Até porque Carolina sempre soube que em tudo existe um lado de luz e um lado escuro. Ela sempre fora apaixonada pela luz. O brilho, a sua intensidade, a sua pureza… Era isso que iria retratar em cada história que contasse.
Decidiu e nunca mais olhou para trás. Lutou as batalhas que teve de lutar. A sua maior batalha foi com o Medo. Engalfinharam-se um no outro e lutaram até à exaustão. Tentou conhecer o inimigo para adivinhar-lhe os passos… Aceitou a sua supremacia e que em certos momentos o melhor seria juntar-se a ele. Porém, naquele momento Carolina sabia que ele não tinha como ganhar. Não poderia ganhar porque não pertencia ali… Há poucos leões na cidade, disse triunfante, e eu não preciso de ti aqui. Assim, de forma humilde, convidou o medo a sair e ganhou a batalha mais feroz de toda a sua vida.
Carolina, guardou a câmara de gravar. Sorriu para a audiência e preparou-se para dar autógrafos. Sorriu, como sempre o fez, de orelha a orelha e aproveitou a força do momento. Deixou-se banhar pela luz que irradiava na sala de apresentações. Lembrou-se de como havia ali chegado: ousou sonhar a sua história e acabou por viver esse sonho e muitos mais que nunca havia sonhado.



Texto: Adelaide Miranda, Abril 2020

A videógrafa Carolina Monteverde, está disponível para contacto: