“Assim que a música
começou foi a correr ter com a mãe… Abraçou as pernas dela, com os seus braços
franzinos, e colocou os pés em cima dos dela. Passo a passo, aprendeu a dançar
agarrado às saias da mãe…”.
Das memórias que
tinha dos tempos de Angola, essa era sem dúvida a mais marcante. Fechava os
olhos, revia-se naquele quintal e relembrava as feições da mãe que não via
desde que, aos catorze anos, partiu para Portugal. Não via e por ironia do
destino nunca mais iria ver. Quem sabe um dia, se existisse vida após a morte,
voltaria a abraçar a mãe que tanta falta lhe fez e que surpreendentemente era a
força que o fazia continuar. Desistir? Nunca! Devia à mãe tornar-se no homem
que ela sempre sonhou.
Com a mãe aprendeu a
amar a música e enquanto for vivo esse amor nunca irá terminar. O amor pela
música fundiu-se com o amor pela mãe. Fundiu-se naquelas tardes quentes em que
dançavam juntos no quintal, fundiu-se com as memórias das noites em que ela
cantava para ele adormecer, fundiu-se com a melodia da sua voz que ele carrega
no peito… Mãe… A sua mãe… A sua música… A sua força…
A passagem por
Portugal foi breve. Alguns anos de uma vida inteira parecem como que meia hora
num dia. Breves… A mudança para Inglaterra deveu-se à vontade única de seguir
os seus sonhos, como a mãe sempre o motivara. O futuro? A música, sem dúvida.
Ser DJ era mais do que tocar umas músicas numa festa. Ser DJ significava e
significa respeitar a música, conhecê-la, masterizá-la. O curso de Engenheiro
de Som foi tirado a custo, entre estudos e trabalhos, mas não podia ser de
outra maneira. Para se viver da música tem que se conhecer de onde ela vem,
reconhecer a sua vibração, os seus ricochetes e mudanças de direcção…
Vive da música.
Durante anos, conhecido como DJ UK, animou as noites africanas. Com
auscultadores nos ouvidos e o pé a marcar o passo sentia-se realizado ao ver o
público a vibrar com as suas seleções de música, com as suas passagens de
mestre. Sentia que a mãe vibrava junto com a multidão…
À medida que foi
concretizando os sonhos, um a um, outros foram crescendo. A empresa “Não Custa
Nada”, que surgiu de uma brincadeira com amigos, promove música, artistas e
eventos. Com a experiência surge a maturidade e a necessidade de se afirmar
surgiu e como tal decidiu assumir o seu nome. Qual a necessidade de alterar o
nome que o define? Qual a necessidade de criar uma imagem baseada no público
que entretém? DJ UK? Não… Domingos Jorge Bartolomeu. Nome de família, nome
abençoado dado pela sua mãe…
Quando pela primeira
vez colocou em papel a sigla do seu nome, sorriu com a coincidência: DJB. Por
mais que queira separar-se da sigla de “deejay” o próprio nome não o permite.
Coincidência ou Destino? Essa pergunta só numa outra vida a sua mãe poderá
responder. DJB, ontem, hoje e para sempre.
O próximo passo? A
música, sem dúvida. Caminha agora para as malhas da produção. Dedica-se ao
Projeto “Me Suja” e sabe que mais virão. Não tem medo do futuro porque sabe o
que o futuro lhe traz: Música e o sorriso da sua mãe… Hoje, um lutador e pai de
família, DJB sente-se abençoado. Sabe que os pés que controlaram os seus
primeiros passos de dança, quando ainda não sabia andar, irão dar-lhe sempre o
apoio que necessita. Na forma de um beijo dos seus filhos, de uma palavra
amiga, de uma música… Aqueles mesmos pés ganharam as formas que tiveram que
ganhar para ampará-lo. Na melodia da música, a sua protetora abraça-o até o dia
em que numa outra vida em que voltará a esticar os braços para abraçá-la,
poisar cuidadosamente os pés sobre os dela e girar, naquele mesmo quintal,
girar, girar…
Adelaide Miranda, Setembro 2016
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