A Alma Por Trás de... Ana Silvestre
Ana, deixou-se chorar. Nem sempre conseguia
ser forte. Não se pode ser sempre forte. Por vezes, é necessário abrir as guardas
e permitir que as emoções invadam a nossa alma. Por vezes, é necessário sentir
as emoções ao rubro, absorvê-las…
Desde criança que sempre foi assim. Sempre
sentiu a necessidade de entregar-se às emoções. Sempre precisou de sentir
intensamente. Sempre precisou de entender o porquê das coisas que a rodeiam.
Tal como as emoções, o dia a dia quotidiano intrigava-a. As perguntas que tinha
não podiam ficar sem resposta. Intensamente…
Sim. Essa é a palavra que melhor a define.
Intensidade. Ana, a intensa. Sempre ouviu dizer que as pessoas mudam com o
tempo. Contudo, Ana não mudou com o tempo, apenas intensificou-se. A criatividade,
a generosidade, a determinação, a frontalidade que a caracterizavam em criança,
acompanharam-na para a vida adulta. Permitiram-lhe viver experiências que a
definem. Cada momento vivido, intensamente, cravado na sua alma como que uma
impressão digital.
Cada momento vivido, imortalizado, de uma
forma ou de outra, nos textos que escreve. O choro tinha começado assim. Tinha
chegado ao fim de mais um livro. O misto de emoções, refletidas na história das
suas personagens, por norma entravam em erupção ao chegar ao último paragrafo.
Ao escrever, dava sempre tudo o que tinha para dar e a descarga de adrenalina,
com o final da história, culminava sempre numa choradeira sem fim.
Ana, a intensa… olhou para o relógio e
compôs-se. A vida, afinal, não parava. Apressou-se a preparar o jantar. Era dia
de casa cheia, dia de alegria, dia de festa, e não podia ser de outra forma.
Não sabia viver sem a família e sem os amigos. Eram a sua fonte de energia e ao
mesmo tempo a sua razão de viver. O seu “centro”. A sua entrega era total. Em
todas as escolhas que fez na vida, a família veio sempre em primeiro lugar. Não
podia ser de outra forma. Não fazia sentido de outra forma…
Ana, a intensa. A Ana que dá sem esperar nada
em troca. A Ana que vive como se hoje fosse o último dia. A Ana que escreve
porque não consegue existir de outra forma. A Ana que é a Ana porque tem a família
que a ama. A Ana que desde criança sabia que só deste jeito poderia ser a Ana.
Pois é, ela sabia… Já estava escrito.
Texto: Adelaide Miranda, Outubro 2017
A escritora, Ana Silvestre, está disponível para contacto:
facebook: https://www.facebook.com/eusabiaestavaescrito
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